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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Respiração Bucal

RESPIRAÇÃO BUCAL - Como ela afeta nossos filhos e como identificar para poder tratar.

Dra. Lucia Coutinho Porto - Odontopediatra e Daniella Caropreso - Fonoaudióloga

O cirurgião-dentista é, muitas vezes, o primeiro profissional da Saúde a ter contato com o portador da síndrome da respiração bucal – ou da face longa - e por isso deve estar atento às suas características, encaminhando o paciente para um tratamento multidisciplinar envolvendo odontopediatra/ortodontista, fonoaudiólogo e otorrinolaringologista.
A respiração pelo nariz é o que chamamos de respiração fisiológica do ser humano, significando que é o natural, o correto para o bem estar do nosso corpo.
Desde muito cedo, aprendemos as principais funções do nariz: olfação (sentir cheiros), filtração, umidecimento e aquecimento do ar para que ele vá na temperatura ideal em direção aos nossos pulmões. Uma simples obstrução na passagem de ar é suficiente para que o indivíduo inicie a respiração bucal, onde a boca assume o papel do nariz tornando-se a única passagem de ar para continuar respirando e manter suas funções vitais.
A criança que recebe aleitamento natural e não mamadeiras com leite alternativo, sobretudo nos primeiros meses de vida, talvez tenham maiores possibilidades de ser um respirador predominantemente nasal durante a vida. Existe uma corrente de pesquisadores que acredita que o leite de vaca, utilizado como aleitamento alternativo, aumenta a gravidade e a freqüência de quadros alérgicos, contribuindo para a mudança de padrão respiratório da criança recém-nascida, o que é totalmente nasal. Existem diversos fatores que contribuem para o surgimento de uma respiração bucal que podem ser de natureza obstrutiva ou decorrente de maus hábitos.

O que são fatores de natureza obstrutiva?
· Hipertrofia de adenóides (aumento no tamanho das adenóides).
· Hipertrofia de amígdalas (aumento no tamanho das amígadalas).
· Desvio de septo, que pode ser provocado por traumas, acidentes domésticos ou durante o parto.
· Corpos estranhos (são objetos que a criança coloca no nariz, como caroços de feijão, arroz, bolinhas de gude, tampas de caneta, peças pequenas de brinquedos, etc...).
· Pólipos ou tumores que podem ser benignos ou malignos, trazendo obstrução nasal muitas vezes de um lado só da narina.

Estes fatores citados acima desencadeiam alterações secundárias como:
· Apnéia noturna
· Sinusites
· Rinites
· Otite Média Secretora (infecções frequentes no ouvido)
· Roncos
· Baba noturna
· Coriza (secreção que sai pelo nariz, mesmo a criança não estando doente ou gripada)

O que são fatores chamados de maus hábitos ou hábitos deletérios ?
· Sucção de dedos
· Sucção de chupetas ou mamadeiras que não tenham bicos ortodônticos (são bicos que tem o formato da boca da criança, sem causar alterações)
· Morder tampas de canetas, chupar objetos por tempo prolongado, não sendo somente aquele chupar por descoberta do objeto.

Alterações faciais e corporais no Respirador bucal
O Respirador bucal começa a apresentar características faciais e corporais típicas como desenvolvimento assimétrico dos músculos, ossos do nariz, lábios e bochechas, provocando efeitos na face onde o nariz fica estreito e curto(por falta de uso), bochechas pálidas e baixas, lábio inferior curto, mandíbula posicionada para trás e pouco desenvolvida. 
A alteração da musculatura da face pode influenciar na posição e forma dos arcos dentários, dentes voltados para frente, palato ogival (céu da boca alto e profundo), dificuldades para mastigar e engolir alimentos duros, atresia da arcada superior, podendo causar a mordida cruzada superior.
Sua postura corporal fica seriamente comprometida, ao respirar pela boca, pois a criança leva o pescoço para frente, os ombros são curvados comprimindo o tórax e o peito fica afundado; os músculos abdominais ficam flácidos e os braços e pernas assumem um padrão para dar sustentação a toda essa musculatura alterada. Toda essa alteração muscular faz com que a respiração seja rápida e curta, onde a criança apresenta um cansaço constante a qualquer tipo de brincadeiras ou atividades físicas.

Alterações comportamentais no Respirador bucal:
Os respiradores bucais, geralmente são inquietos, impacientes, ansiosos, medrosos e impulsivos e apresentam uma irritação constante. À noite quase nunca querem ir para cama, apesar de estarem dormindo em frente da televisão. Pela manhã, muito cansados devido a pesadelos e dificuldades respiratórias, não querem sair da cama para estudar, trabalhar ou ir para a escola. Na escola tem muito sono, não consegue prestar atenção nas aulas e está sempre cansado e deprimido.Apresentam enurese noturna (faz xixi na cama), tropeça e cai com freqüência, geralmente suga o polegar, chupetas, a própria língua ou ainda rói unhas.

Diagnóstico e Tratamento:
O trabalho em equipe interdisciplinar é essencial para o estudo e desenvolvimento do caso. 
Os profissionais de Saúde, devem realizar um trabalho preventivo sobre os efeitos da respiração. Nós, odontopediatras devemos estar atentos na primeira consulta, para avaliar a criança de uma forma global. Devemos orientar a prevenção e higiene bucal da criança, observar a presença de cárie, além de avaliar as arcadas dentárias, as estruturas musculares da face e suas funções como mastigação, respiração, deglutição e a fala.

Devemos perguntar às mães, se a criança:
· Respira bem?
· Dorme de boca aberta?
· Ronca a noite?
· Baba no travesseiro?
· Tem dificuldade para esporte que exige esforço físico intenso?
· Sonolência e falta de concentração na escola?

Quando a criança apresentar estas características, provavelmente deverá ter alteração de respiração, ou melhor dizendo, deverá ser um "respirador bucal". 
A primeira atitude à ser tomada, deverá ser o encaminhamento desta criança, para um otorrinolaringologista, para uma avaliação das vias aéreas superiores (respiração). 
O diagnóstico e o auxílio do otorrino é essencial para determinar as causas da respiração bucal e orientar qual o melhor tratamento para esta criança voltar à respirar pelo nariz. 
O tratamento proposto, poderá ser clínico e/ou cirúrgico, dependendo de cada caso.
Nós, odontólogos, precisamos ter a criança respirando normalmente, para que possamos fazer o tratamento ortodôntico com sucesso. Geralmente, os aparelhos ortodônticos propostos, quando existe a mordida cruzada, com falta de crescimento da arcada superior, são aparelhos removíveis, chamadas de Placas Expansoras. Elas poderão ser utilizadas nas crianças, à partir de 05 a 06 anos de idade, dependendo de sua maturidade. 
De acordo com a complexidade do caso, poderão ser usados outros tipos de aparelhos ortodônticos.
Contamos também com o trabalho da fonoaudióloga, que é importante para a re-educação da respiração, associada à um trabalho de mioterapia com exercícios para o fortalecimento e ajuste da musculatura alterada pela respiração bucal.Portanto, o trabalho em equipe (odontopediatra-otorrino-fonoaudiólogo), é essencial, pois através de uma avaliação integrada serão propostos, tratamentos específicos, para resolução de cada caso com sucesso!
Este pequeno relato sobre o Respirador Bucal tem toda a responsabilidade de mostrar para as futuras mamães e futuros papais ou aqueles que já tem seus filhos pequenos, saber procurar um profissional se estiver suspeitando que o seu filho apresente uma ou mais características descritas, para que ele possa ser encaminhado, avaliado e se necessário ser tratado o mais precocemente possível para o seu melhor e harmonioso crescimento, desenvolvimento físico, mental e emocional.Em suma, nós desejamos a Saúde Global desta criança, sabendo que a respiração nasal é fundamental para uma vida mais saudável.

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